A dengue é uma das doenças virais mais prevalentes no mundo, afetando principalmente países tropicais. A transmissão ocorre principalmente pela picada do mosquito fêmeas do tipo Aedes (Ae.) aegypti e Ae. albopictus infectadas pelo vírus.
Estamos vivendo uma epidemia de dengue em algumas regiões do Brasil. Em nossa cidade, do início do ano ao final de fevereiro, soma-se 426 casos confirmados da doença – sendo 354 importados (infecção proveniente de outro local) e 72 autóctones (contaminação na própria cidade). O distrito sanitário do Tatuquara é o mais afetado, com 77 registros.
Com os números de casos e de mortes por dengue aumentando em todo o país e em nossa cidade, toda população deve se proteger tomando as medidas preventivas para impedir a proliferação do mosquito Aedes aegypti evitando assim a contaminação e a proliferação da doença. Mesmo assim, é possível ser infectado pelo vírus transmitido pelo inseto. Nesta situação quais os cuidados o atleta deve ter durante sua recuperação e o retorno aos treinamentos?
O quadro clínico da Dengue é muito variado e suas manifestações podem ocorrer de formas assintomáticas, leves e muito graves. Essas diferenças acontecem de acordo com o tipo do vírus, quadro imunológico e a presença de doenças pré-existentes do indivíduo infectado.
O tempo entre a infecção e os primeiros sintomas ocorrem em até 15 dias. Os sintomas mais comuns são típicos de infecções virais como: febre, geralmente elevada (39°C a 40°C), dor de cabeça e fundo de olho, dores pelo corpo e articulações, fraqueza, perda de apetite, náuseas e vômitos. Sinal que chama muito atenção para o diagnóstico, mas nem sempre presente, são manchas na pele que atingem a face, tronco, braços e pernas. Na maioria das vezes estes são autolimitados.
As complicações mais graves da dengue são a destruição das plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue, que pode levar a sangramentos (febre hemorrágica) e a Síndrome do Choque da Dengue com necessidade de internamento hospitalar. Complicações cardíacas não são frequentes, mas vem sendo cada vez mais relatadas atualmente, sendo a mais comum a miocardite (próximo 10% dos casos de dengue grave).
Cuidados essenciais durante o período de infecção
- Consulta médica
Aos primeiros sintomas da doença, cabe ao atleta procurar auxílio médico para o correto diagnóstico, estratificação de risco da doença e tratamento mais efetivo de acordo com o quadro clínico, haja vista que algumas medicações de uso comum para febre ou controle de dor devem ser evitadas no caso da dengue, como a aspirina e anti-inflamatórios. - Repouso
Tão fundamental quanto a medicação prescrita, o repouso deve ser realizado para poupar a energia do organismo no combate à infecção. Deve ser realizado já no início do quadro e mantido por até 7 a 10 dias, conforme a evolução da doença e/ou desaparecimento completo dos sintomas - Hidratação
Pilar fundamental para a recuperação mais precoce do atleta. A hidratação além de repor a quantidade hídrica perdida pela febre, vômitos e diarreia auxilia na eliminação das toxinas produzidas pelo vírus em nosso organismo. A quantidade de líquido que deve ser ingerida durante a infecção varia de acordo com o peso do atleta, gravidade dos sintomas e sua correlação com perda líquida e de sais minerais. Os líquidos devem ser ingeridos em vários momentos, pequenas quantidades e baixa concentração de sais ou açúcar, para facilitar a acomodação no estômago e absorção intestinal uma vez que náuseas, vômitos e diarreia são sintomas frequentes da dengue. - Alimentação
Não há uma dieta específica para dengue, mas uma alimentação balanceada é de suma importância para o fornecimento de nutrientes importantes para a recuperação de atletas. Deve-se evitar jejum prolongado, pois pode aumentar Oo tempo da mucosa do estômago em contato com o ácido gástrico e facilitar lesões e sangramentos. Assim como os líquidos, os alimentos devem ser leve, fácil digestão e fracionados, respeitando tolerância e preferência do atleta. Optar por alimentos ricos em vitaminas e ferro para reposição em caso de alterações sanguíneas. Alimentos ricos em proteínas devem ser estimulados para evitar a perda de massa muscular. Evitar alimentos ricos em gordura pois esta é de pior digestão e maior dificuldade para absorção.
Retorno à prática desportiva e treinamentos
Em toda doença, principalmente nas infecções virais, sempre devemos respeitar o tempo de repouso, de acordo com a evolução da doença, e o retorno aos treinamentos deve ser iniciado após a resolução dos sintomas.
Quando da infecção pela Dengue, nos casos assintomáticos ou leves o retorno à atividade física deve ser lento e gradual sempre verificando a ocorrência de sintomas adicionais durante o exercício ou a presença de queda de rendimento. Nos casos graves devemos esperar de 10 a 14 dias após o término dos sintomas e a normalização dos exames de sangue (concentração do hematócrito e quantidade de plaquetas) sempre iniciando com exercícios de baixa intensidade e com aumento progressivo da carga, conforme a tolerância do atleta.
Tanto nos casos leves e graves caso o atleta apresente retorno de sintomas da infecção, novos sintomas, intolerância ao esforço ou dificuldade para ganho de rendimento toda atividade física deve ser suspensa e o atleta deve ser submetido a uma nova reavaliação médica especializada.
Nestes casos é muito importante o profissional da saúde estar atento às graves complicações da dengue, como a febre hemorrágica e a síndrome do choque da dengue, mas também ao envolvimento cardíaco que o vírus possa provocar como as alterações do ritmo cardíaco que pode induzir à problemas cardiológicos maiores e possivelmente fatais.
Fonte de pesquisa
Ursula Neves. Site Eu Atleta https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/reportagem/2024/03/04/c-dengue-exige-cuidados-com-alimentacao-e-restricao-a-treinos.ghtml
Parchani A. et al. Electrocardiographic Changes in Dengue Fever: A Review of Literature. International Journal of General Medicine 2021:14
Secretaria de saúde da Prefeitura Municipal Curitiba. https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/curitiba-registra-77-novos-casos-de-dengue-na-ultima-semana/72409